Colóquio discute as relações Brasil-Índia no Jornalismo
O segundo dia do Colóquio Brasil-Índia de Pesquisa em Jornalismo pautou, de forma mais aprofundada, as semelhanças e diferenças entre o jornalismo no Brasil e na Índia, além do potencial para mudança social e comportamental na comunicação global que esses dois países possuem. A mesa temática da manhã contou com a presença das pesquisadoras indianas Jyotika Ramaprasad, Manisha Pathak-Shelat e Nagamallika Gudipaty,e também do jornalista Shobhan Saxena. A mediação foi feita pela diretora científica da SBPJor, Mônica Martinez.
Os debatedores destacaram os desafios que os dois países ainda precisam enfrentar no que se diz respeito, por exemplo, às questões de gênero, etnia e cultura, além da concentração midiática e o corporativismo que caracterizam a dinâmica jornalística nos países.
Pesquisadores e jornalista indianos nas atividades do Colóquio na manhã desta terça-feira
Nagamallika Gudipaty, estudiosa de questões de gênero na Universidade de Hyderabad, afirmou que um país complexo como a Índia exige que também exista certa diversidade nos jornais e revistas. Segundo o jornalista Shobhan Saxena, do The Times of India, existem no país mais de 2000 canais de televisão e centenas de jornais com as mais variadas línguas e abordagens.
O monopólio midiático acaba por influenciar de forma negativa, não apenas o jornalismo e o público, mas também as pesquisas que se dedicam ao jornalismo como objeto de investigações. Segundo Manisha Pathak-Shelat, pesquisadora da escola indiana MICA, “quando não há um monopólio, podem existir conflitos, mas definitivamente se está olhando para a mesma questão por diferentes perspectivas. Algo pode afetar diferentes grupos de formas muito diferentes.”
A pesquisadora indiana Manisha Pathak-Shelat é referência na pesquisa em Jornalismo
Manisha ressaltou que é importante olhar com mais atenção para as atividades de pesquisas e oferecer suporte a práticas profissionais que são benéficas para o jornalismo. Hoje, o ramo acadêmico e a profissão estão separados, mesmo sabendo-se que não deveria existir essa distinção. A pesquisadora afirmou os jornalistas podem contribuir para contornar essa separação, tornando-se colaboradores de pesquisas e oferecendo informações acerca da vida profissional do jornalista, ou buscando conhecer melhor os trabalhos de pesquisa. “As pesquisas são publicadas, mas pessoas fora do mundo acadêmico simplesmente não leem. Mesmo que o pesquisador seja bom, as pessoas não tomam conhecimento disso”, explica.