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Educação jornalística em um cenário de transformações

A tarde do dia 7 foi marcada pelas apresentações de pesquisas do Colóquio Brasil-Índia. Os trabalhos de pesquisadores indianos e brasileiros reforçaram as similaridades nas questões investigadas e permitiram aos presentes reconhecer as diferenças e semelhanças nos dois países com relação ao ensino de jornalismo, ao uso de tecnologias na educação e na produção de conteúdos. O pesquisador da Faculdade Cásper Líbero, Mateus Yuri Passos, também destacou a importância do evento para o reconhecimento de questões relacionadas “à representação das culturas, povos e Estados indiano e brasileiro no jornalismo e na ficção audiovisual”.


Dentre os destaques da tarde estavam os trabalhos das professoras Manisha Pathank-Shelat, da Universidade indiana MICA, e Nagamallika Gudipaty, da Universidade de Hyderabad, também na Índia. Em comum, as pesquisas discutem a situação da educação jornalística. No caso de Manisha, o foco da investigação recai sobre como a globalização colocou desafios para a formação de jornalistas. Para a pesquisadora, o fenômeno atual pode ser discutido de duas maneiras: como colonização ocidental ou como oportunidade de inclusão.


Pesquisadores brasileiros e indianos nos debates do Colóquio da SBPJor



De acordo com ela, jovens jornalistas ao redor do mundo podem usar websites compartilhados para aprimorarem sua escrita e participarem de discussões globais, como a guerra na Síria ou o assédio sexual. Ainda segundo Pathak-Shelat, a educação para comunicadores deve se firmar em quatro pontos principais que podem ser alcançados através dessas ações coletivas: desenvolver uma voz pública confiante e competente, respeitar a diversidade cultural e se comunicar com colegas de outros países, produzir conteúdo que seja sensível histórica e geopoliticamente, e entender e examinar criticamente suas próprias práticas culturais.


De outra perspectiva, Gudipaty apresentou um panorama sobre a formação jornalística no âmbito indiano, mostrando o crescimento do número de escolas de comunicação. De acordo com ela, o planejamento é muito importante na educação, mas, além de desenvolver os alunos, é importante pensar na geração de empregos.


Dentre os pesquisadores brasileiros, o professor da USP e ESPM, Ricardo Gandour, discutiu os reflexos das tecnologias de comunicação e informação na rotina informativa, de profissionais e audiência. Para Gandur, a fragmentação causada na comunicação após o advento da internet aumentou a quantidade de informação disponível mas, ao mesmo tempo, revelou outros fenômenos, como a disseminação de notícias falsas. Os impactos dessa fragmentação também são sentidos pelo negócio jornalístico - as redações jornalísticas têm entrado em crise, diminuem as vagas para profissionais, e se reforçam os monopólios da comunicação. Por conta disso, ele afirma que as corporações jornalísticas estão gastando menos em treinamento para seus empregados e acabam por fazer um jornalismo sem inovações. “O jornalismo é um dos pilares da liberdade e da democracia”, diz Ricardo.


Ainda com a participação de outros pesquisadores, o objetivo da mesa era discutir o jornalismo e a educação, comparando-os no Brasil e na Índia, ambos países emergentes e participantes do BRICS. O professor Passos avalia que os debates foram produtivos e “trouxeram muitas surpresas, especialmente durante os momentos de perguntas e diálogos após as exposições. Foi aí que o intercâmbio se mostrou mais efetivo e rico, por as sugestões e questionamentos levam certamente a aprimoramentos e novas reflexões em nossos trabalhos”.


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